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inha cabeça latejava como se alguém estivesse me batendo com um grande martelo, por sorte haviam me receitado alguns comprimidos para tomar. As enfermeiras me fizeram ficar algumas horas em observação no hospital após ter dito cair dois lances de escadas — única solução que pensei para não falar que havia lutado com um monstro gigante —, já que pensaram que havia batido a cabeça em algum lugar. Após ter escutado um grupo no Instituto falarem a situação e onde Calvin estava internado, resolvi passar para ver como ele realmente estava e fazer os curativos de alguns ferimentos. Após longas horas tediosas esperando ser liberada, convenci as enfermeiras de que estava realmente bem e que se acontecesse alguma coisa alguém me levaria para lá. Ou talvez apenas havia sido liberada porque não tinha nada demais, já que havia dito que não estava com sono e que estava somente com uma dor de cabeça. Corri diretamente para a área de internados do hospital, escondendo-me toda vez que via alguma enfermeira ou médico passando por ali. Já era tarde demais para que pudessem visitar os leitos dos internados, poderia haver alguma enfermeira no local, mas eu tentaria entrar em seu quarto escondida se conseguisse ver alguma coisa pelas janelas dos quartos. Ao chegar no local, passei a caminhar mais devagar, observando todos os pontos para não encontrar nenhuma enfermeira pelo caminho. Assim que a enfermeira que cuidava da área entrou em um dos quartos ao longe, passei a correr para observar as janelas dos quartos, buscando pelo rosto conhecido de Calvin. Ao chegar no quarto de número 15, encontrei o rosto familiar completamente machucado, não pensei duas vezes ao abrir a porta e adentrar ao quarto pequeno. Seu corpo estava coberto por fios conectados às máquinas que mantinham Calvin estável, cateteres intravenosos furavam certos pontos de sua pele, seu corpo estava enfaixado e era possível ver diversos hematomas. O que ele tinha na cabeça para tentar atacar aquela criatura? Ao olhar para o lado notei uma pequena massa de fios semelhantes ao fogo, uma garota dormia tranquilamente com a cabeça sobre o leito de Calvin.
Pretendendo não fazer barulhos demais para não acorda-la, sentei-me em uma das cadeiras distantes de ambos. Observando-os dormir tranquilamente, rezando para que nenhuma enfermeira entrasse naquele quarto no momento que estivesse ali. Levei as mãos ao pequeno pingente de cruz que carregava no pescoço, presente que havia ganhado de uma de minhas amigas do Convento. Rezava para que Calvin ficasse bem, ele não me parecia ser uma má pessoa e já havia presenciado muitas atitudes heroicas do mesmo. Se tinha algo que ele não merecia, era estar daquela maneira.